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“Eu já tentei de tudo , mas não tenho remédio pra livrar-me deste tédio”

Foto do escritor: Camila MonteiroCamila Monteiro


A imagem mostra um jovem com deficiência visual sentado em uma cadeira confortável, com um olhar pensativo e segurando uma bengala. O ambiente é suavemente iluminado, com objetos pessoais ao redor, e uma janela ao fundo sugere um mundo exterior.
Tédio: Refletindo sobre a jornada de readaptação e a busca por autonomia. Imagem gerada por IA

Tédio : necessidade de logísticas e lento processo de adaptação.

E dá-lhe, monotonia! 🙄 Lidar com a dependência que a deficiência visual traz é um processo bem lento e bem cansativo. O motivo? ter que organizar uma baita logística quando se sai sozinho.

A primeira coisa é ter alguém de confiança que possa te levar e te buscar dos locais, o que, às vezes, envolve falta de disponibilidade de horários e se adequar à agenda de outras pessoas. Ter que marcar o horário de ida e volta te deixa preso, não te dando o direito pleno de ir e vir na hora que tu quer, te dando uma autonomia parcial.

Não me levem a mal, sou muito grata a todos os profissionais que me prestam serviços, pois são pessoas de total confiança e fazem parte do meu círculo de amizades, o que me faz ter consciência de que sou uma pessoa de sorte. Neste quesito, posso dizer que, na maioria das vezes, eles ficam à minha disposição, mas, mesmo assim, me sinto na obrigação de ter bom senso pra determinar uma hora aceitável para voltar para casa, fato que pode causar um pouco de frustração se o evento no qual estou estiver bom.

Porém, apesar da chatice desta realidade, ainda assim é preferível e muito mais inteligente da nossa parte ter um profissional de confiança, que saiba da nossa condição, que possa nos levar pra qualquer lugar onde queiramos ir sozinhos, já que, sentir segurança nestes deslocamentos vale muito mais do que uma independência 100% com alguém desconhecido.

Outra coisa que dá um baita tédio é a demora do processo de readaptação. quando já se enxergou antes, como é o meu caso. Este caminho é bem doloroso e cheio de obstáculos mentais, como por exemplo, entender e aceitar que o teu corpo não vai ser rápido como a tua mente. O raciocínio e o pensamento voam, até porque, o cérebro e suas funções não são atingidos pela deficiência visual. Entretanto, o corpo precisa de calma e muita paciência para se readaptar à orientação e mobilidade não enxergando, parte do processo que acaba acontecendo, no amor ou na dor, porque é tática de sobrevivência. Como precisamos nos virar, pelo menos, dentro da nossa casa e nos espaços nos quais nós estamos presentes, a questão motora, as formas e as ferramentas que seguimos e utilizamos para entender o que e quem está ao nosso redor são criadas recriadas o tempo todo.

Trabalhar e potencializar a saúde mental são ações obrigatórias para que possamos lidar melhor com a deficiência: vale terapia, buscar o crescimento da espiritualidade, fazer exercícios físicos, buscar hobbies que tu goste ou que tu tem curiosidade em fazer são algumas alternativas que fazem com que a gente administre com mais facilidade a nossa ansiedade, nos tranquilizando, contribuindo para o entendimento de que readaptação não tem nada a ver com pressa, como se fosse uma competição.

O processo acontece, de qualquer maneira, porém, cabe a cada um de nós como ele vai acontecer: com aceitação e paciência, gerenciando as angústias e preocupações, ou com mágoa e revolta, transformando algo que já é pesado em algo insuportável.

Então, queridinho, bora minimizar o tédio! Afinal, entediado ou não, o problema não vai se resolver. Logo, a melhor escolha é seguir em frente, conviver com o que não se resolve e encontrar a maneira que faz mais sentido para gente lidar com o que a vida, e a deficiência, nos apresenta.😣 #DeficiênciaVisual, #Readaptação, #SaúdeMental, #Autonomia, #Superação

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