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“ não vou ficar sozinha, é de ladinho que eu me acho….”

  • Foto do escritor: Camila Monteiro
    Camila Monteiro
  • 23 de fev. de 2024
  • 3 min de leitura


Mulher DV desce escadas usando uma bengala
Deficiente Visual precisa logo se adaptar à bengala

Tem dificuldade de te orientar, Queridinho? Tu é daquele tipo de pessoa que está sempre se perdendo pelos caminhos? Ou é daqueles Que se perdem até dentro de casa? 😳🤔…. Bom, o que posso te dizer diante disto é: perde a visão pra ver se tu vai ter tempo pra isto!! 😩😢😫!

Se tem uma coisa que é deficiência visual te pressiona a ter, constantemente, é o senso de localização! Quando se é DV, a maior preocupação é se localizar com segurança e ter o mínimo de autonomia pra poder “se virar” no espaço onde se está. 😎😰⏩️⏪️⏫️⏬️!

Digo que, para mim, este fator foi o pior na minha adaptação. Quando perdemos a visão, o sentido que mais usamos para perceber o mundo, é muito desesperador entender onde estamos e para onde vamos usando os outros sentidos. É exatamente por isto que insisto no uso da bengala o mais cedo possível. Este recurso é fundamental pra nossa localização, seja em lugares conhecidos ou desconhecidos, já que ela te dá o limite entre o caminho que tu está seguindo e a suas extremidades, como as paredes e os cordões das calçadas, caso tu esteja na rua, ou os obstáculos em geral, caso tu esteja em algum lugar fechado, por exemplo.

Além disso, ela te ajuda na direção, fazendo com que tu entenda se está seguindo em linha reta ou se está dobrando para a direita ou para a esquerda. Sei que esta parte da direção é Bem estranha pra quem é vidente, pois, parece óbvio pra qual a direção estamos indo…. Tipo: “como é possível uma pessoa não ter a noção se está caminhando reto, ou pra a direita ou pra a esquerda”? Mas, vai por mim: quando se é DV, isso não só é possível como é quase certo que vai acontecer!😠!

A gente perde a noção de como se localizar porque, quem vai perdendo a visão com o tempo, sempre usou os olhos pra isto, e, quando se dá conta de que os olhos não funcionam mais, percebe que o que era automático e muito tranquilo antes, se transformou em algo extremamente difícil e cheio de riscos. Já pra quem é DV desde que nasceu ou desde muito cedo, o processo de localização é um pouco mais fácil porque tu te acostuma a não enxergar desde criança, o que também é complicado, mas já é incorporado à rotina, fazendo com que tu cresça já com esta consciência e com o senso de localização bem maior.

Independentemente de quando a tua deficiência começou, é fato que tua condição não te dá tempo suficiente pra aceitar e se adaptar, pra só depois pensar em como vai se localizar pela vida afora. Quando se trata de localização, de saber se orientar em qualquer lugar, o tempo voa e a gente que tem que correr atrás disso. Deixa o “Mimimi” pra quando chegar em casa, porque ele vem, não tem jeito!

Se adaptar e buscar uma mínima independência Não é fácil, é bem doído, irritante e cansativo…. Porém, é necessário e bem libertador, o que compensa o sofrimento. Saber se localizar Com segurança é algo que se impõe diante da deficiência. Sem este hábito e esta consciência a nossa autonomia fica cada vez mais longe de nós, então, faz a tua parte: pede ajuda quando te sentir inseguro e começa a usar a bengala o mais rápido possível! A partir deste momento, ela vai fazer parte do teu corpo, será parte de ti e uma extensão das tuas pernas, dos teus braços e dos teus outros sentidos…. Trabalha o teu emocional paralelo a isto, porque tu vai precisar dele forte, saudável e bem resolvido, mas aceita que o teu físico neste momento é mais importante.

E tu, vidente, te desafia: tenta ir dentro da tua casa de uma peça pra outra com os olhos fechados, expandir isso pra tua rua ou pra saída do teu prédio, por exemplo, fechando os olhos pra abrir a porta da tua casa e ir até a porta da saída, ou abrir a porta da tua casa e o portão e seguir pela calçada por alguns metros. Este tipo de exercício Força a gente a usar os outros sentidos pra se localizar.

Bora se localizar gente amiga!😚😏

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