Jogos para Deficientes Visuais.
Eu sempre amei brincar! Mesmo depois de adulta, seja com as crianças que eu atendia como Pedagoga e Educadora Especial, quando trabalhava fora, ou com as da minha família e filhos dos amigos, continuo brincando e defendendo esta prática por ela ter o poder de trazer leveza, diversão e relaxamento pra vida. Encerro o mês falando sobre brincadeiras, mas não das que envolvem bonecos, carrinhos ou com corridas e muitos deslocamentos, apesar de serem ótimas opções….
Me refiro à jogos, em geral, como de cartas e de tabuleiro, os quais podemos jogar sozinhos, ou pra treinar ou por distração, ou com crianças ou adultos. Quando se é DV, jogar um jogo desse tipo é uma aventura, já que tudo o que se apresenta é muito visual: naipes e números, locais marcados e casas de movimento nos tabuleiros, tabelas pra marcação de pistas e informações, notas de dinheiro, fichas e cartões, peças iguais, etc..
Normalmente, as diferenças entre o que compõe um jogo estão presentes nas cores, letras e números maiores e menores, design dos destaques dos tabuleiros e tabelas, fotos e valores evidentes pra quem os vê, pontos que impedem o DV de participar com autonomia e segurança. Porém, encontrei formas pra mudar e/ou adaptar estes jogos pra quem não enxerga poder se divertir também, de igual pra igual com o vidente. São elas: marcar cada carta com características específicas pra facilitar a sua identificação.
Por exemplo: pôr um clipe em todas as cartas de baralho de naipe de copas, um grampo nas de espadas, etc; nos números, pode ser um pedaço de durex pro 1, um furo no canto pro 2, etc; nos casos de notas de dinheiro e cartões com fotos, recortes e fitas, além de grampos e clipes, ajudam muito porque, mesmo que tu já tenha marcado uma carta assim, tu pode marcar igual uma nota, pois, pelo tato, diferenciamos um componente do jogo do outro.
Com peças, como ludo, dama ou xadrez, sugiro que criem texturas diferentes pros times e iguais pras de mesma cor e mesmo time: pros ludos azuis uma fita crepe enrolada em cada um, nos verdes uma fita mimosa em cada, nas damas de um jogador embrulhar todas com papel alumínio ou filme, no xadrez pode enrolar fitas iguais nas peças iguais e colar adesivos ou durex nas demais, sempre marcando as iguais da mesma forma e as peças de um jogador, somente. Com estes tabuleiros, sugiro que as casinhas de deslocamento do ludo e um dos lados dos de dama e xadrez sejam pintados com tinta alto relevo, que tu encontra em papelarias por bom e baixo preço. É só pintar de duas formas diferentes os quadrados escuros e claros, cada grupo da mesma forma: escuros pintados inteiros e claros com bolinhas ou listras, por exemplo.
É só pedir pra alguém pintar pra ti e usar e abusar da textura que ela dá. Faz o mesmo nos outros tipos de tabuleiro, marcando os locais de movimento pra tu saber o lugar de tudo. Quando tiver que anotar, usa as acessibilidades de voz que tu tem no celular, tablet ou computador pra escrever e também anota as dicas e pistas, valores e tudo o que estiver escrito em cartas ou cartões pra tu saber sem precisar de ninguém. Pra quem sabe o Braille, pelo site da Copag (www.copag.com.br), tu pode comprar baralhos pra quem é DV.
As cartas são bem acessíveis também pra quem tem baixa visão e a identificação é simples: nos cantos superior esquerdo e inferior direito há o número ou letra da carta e, ao lado, a letra inicial do naipe. Depois de reconhecer cada carta e treinar um pouco, ou um muito, no meu caso😸🤭😱😱, fica fácil jogar e se aventurar…. Sei que todas essas dicas parecem complicadas e, em alguns casos, são mesmo, mas são bem eficazes e exercitam a paciência e a concentração. Vai por mim, DV: busca tua autonomia e pratica teu lado artístico decorando e identificando teus jogos! Vale a pena a aventura de preparar e jogar!😁😃😀