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“…. Deixo onde passo meus pés no chão, só mais um na multidão….”

  • Foto do escritor: Camila Monteiro
    Camila Monteiro
  • 26 de abr. de 2024
  • 4 min de leitura


Mulher deficiente visual com a sua bengala, caminha por uma feira de negócios lotada de gente
Não é fácil para um deficiente visual se deslocar num grande evento. Foto gerada por IA

Feiras, seminários e congressos, shows e espetáculos, fóruns e encontros. Eventos deste tipo, normalmente, envolvem multidões, centenas de informações, como balcão de informações, espaço de boas vindas com cadastramento, mapas de setores e lugares, por exemplo, membros de equipe de produção, alguns bem competentes e atenciosos, realmente apropriados do evento em questão e do local, outros mal informados e despreparados, além de muito barulho e muita bagunça.

Só uma perguntinha: DV tem dificuldades pra se localizar nestes espaços? Tempo…. 😟🤔😕. ⏱️⏲️⏰🕰️⌛️…. Sim!

Informações diversas, mesmo sendo imprescindíveis, acompanhadas de alta poluição sonora não adiantam nada pra pessoa que não enxerga. É claro que sempre temos a opção de não ir em eventos deste tipo, já que nos incomodam tanto. Entretanto, também temos a opção de ir, passando por cima deste incômodo e tendo o acesso através de uma orientação funcional.

Neste sentido, precisamos de alguém da produção para nos acompanhar, seja até o nosso lugar ou setor, nos apresentar o local explicando os espaços, nos indicar a saídas de emergência e facilitar a nossa comunicação com os profissionais do evento no caso de necessitarmos de ajuda. Olha a boa e velha sugestão de preparar, pelo menos, um funcionário pra atender a pessoa com deficiência de novo aqui, gente!🙂😊😌!

Sem dúvida, esta é a melhor solução para garantir o nosso direito à acessibilidade verdadeira. É fundamental destacar que o profissional em questão precisa estar preparado para este atendimento, especialmente, neste tipo de evento. Saber que pessoa com deficiência não é somente pessoa usando cadeira de rodas, explicar com detalhes onde e quando aparecem os obstáculos, como degraus, objetos, mobiliários, pets e crianças pequenas, descrever a cadeira ou poltrona que a pessoa vai sentar, o balcão ou espaço onde está o estande de interesse, assim como o que está exposto, e avisar o responsável por ele que trata-se de uma pessoa com deficiência visual. São exemplos de conteúdo deste preparo, os quais, com muita tristeza, não acontecem.

Já contei aqui no blog esta história que vivi com o meu namorado quando fomos há um show, em um Teatro, em Porto Alegre. Quando encontramos uma moça da produção, apresentamos nossos ingressos e ela nos indicou nossos lugares. Quando chegamos no local indicado, eram dois lugares destinados à pessoa usuária de cadeira de rodas. A compra do ingresso foi feita pelo site da produtora, pelo meu irmão, que está bem acostumado a fazer este tipo de compra, tanto pra mim quanto para ele. No meu caso, ele sempre marca os lugares como: um para pessoa com deficiência e um para o meu acompanhante, ingressos estes que têm desconto. O problema, aqui, foi que os ingressos disponíveis para as pessoas com deficiência eram somente destinados às pessoas cadeirantes, aqueles lugares sem poltronas. Esta informação não constava no site e, após explicarmos a situação para a moça, ela chamou uma supervisora. Enquanto esta cena acontecia, um rapaz com deficiência auditiva também estava questionando outra funcionária pelo mesmo motivo, o que foi ótimo, na verdade. Faltando menos de cinco minutos para o show começar, a supervisora nos entregou dois ingressos diferentes, sem a informação do desconto, e nos disse: “da próxima vez, vê se compra certo, guria!” Pode uma coisa dessas?

Este exemplo mostra um erro muito comum, o que precisa mudar, urgentemente! Como é possível profissionais de produtoras, empresas destinadas a organizar vários tipos de evento, não terem o mínimo conhecimento de que existem vários tipos de deficiência, não só a física, que faz com que uma pessoa precise se locomover com cadeira de rodas? Sim, porque existem pessoas com deficiência física que não precisam da cadeira de rodas, e, exceto quem é cadeirante, todas as outras pessoas, tendo deficiência ou não, precisam sentar em um show no qual só temos a opção de comprar lugares marcados, certo?😞🤨😬🙄.

Quanto à questão que mencionei acima sobre o aviso de crianças pequenas e Pets pelo caminho, é a mais pura verdade e de extrema importância. Quando os pequeninos começam a caminhar ou estão naquela fase ligados no 220V, não é raro a gente tropeçar neles e até mesmo machucar os “serelepes”. Com tanta energia e curiosidade num corpinho tão pequeno, eles costumam explorar os locais novos sem medo e sem noção dos riscos, ao passo que nós, DV’s, não enxergamos. Então, dá pra perceber que esta combinação pode dar problemas, né?😧.

Com relação aos Pets, a mistura também pode ser desastrosa, apesar de que, normalmente, eles não transitam muito em eventos deste tipo. Porém, mesmo assim, precisamos ser avisados da presença deles para evitar qualquer tipo de acidente.

Sei que parece óbvio falar sobre estas coisas quando se trata de indicar e explicar detalhes diversos pra pessoa com deficiência visual, mas, nunca é demais e é fundamental investir em treinamento para que tenhamos cada vez mais profissionais de todas as áreas realmente preparados para atender o público com deficiência. É inadmissível termos que lidar, ainda, com este tipo de situação: zero acessibilidade e zero preparo no quesito atendimento especial.

Tá mais do que na hora de direcionar funcionários das equipes diversas para que nós, DV’s, tenhamos a garantia ao consumo/lazer seguro, prático, com empatia e respeito. Bora se mexer?😚😏😜🧐

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