Vergonha : falar para o “nada” e tocar em lugares impróprios.
Ah, a vergonha! 😳! Quem é DV precisa aceitar: situações embaraçosas farão parte do dia a dia! não tem como fugir desta realidade, então, o segredo, aqui, é saber lidar com elas sempre que aparecerem. As duas mais comuns, apesar de engraçadas, geram desconforto e vontade de “enfiar a cabeça em qualquer buraco” que aparecer. Mas, calma! A “tia” Camila está aqui para te ajudar e te dizer como sair “por cima”, ou, pelo menos, transformar a hora da vergonha em algo mais leve!
Ser deixado sozinho, no meio de uma conversa, sem ser avisado pelos participantes do papo é uma experiência que todo o DV vai viver em algum momento da vida. E, na maioria das vezes, isto acontece de forma automática, sem nenhuma maldade por parte do vidente, seja porque ele tem tanta intimidade contigo que acaba esquecendo que tu não enxerga, ou porque não sabe como agir diante de uma pessoa com deficiência visual.
Para minimizar os rostos vermelhos, segue a dica: enquanto estiver conversando com qualquer pessoa, é sempre indicado que tu, DV querido, peça para que ela te avise todas as vezes que precisar deixar o local onde vocês estão conversando, independentemente do grau de intimidade que tu tenha com ela. Esta atitude ajuda tanto quem é “desligado” quanto quem não tem a menor ideia de como lidar com quem não tem visão.
Outra coisa que ajuda muito enquanto rola uma conversa é, de vez em quando, tocar e/ou encostar no parceiro. Mas, veja bem: não é dar um tapa ou apertar o coleguinha, ok? É algo bem leve, só pra tu, DV, ter a certeza de que tu ainda tem um parceiro de conversa do teu lado ou na tua frente. Essa estratégia funciona, principalmente, em eventos com muito barulho, como aniversários e reuniões em geral, pois, mesmo que a gente tenha uma percepção muito boa a respeito da proximidade de alguém, não tem como ter 100% de certeza se tu tá conversando com alguém ou com o “Ministério do ar”….😟😫🤨. Poluição sonora e deficiência visual não combinam!
No caso de tu ter seguido tudo isto e, mesmo assim, tu passar por este constrangimento, o negócio é levar no bom humor! Fazer comentários do tipo:
“poxa vida, fulano! valeu por ter me deixado falando sozinho” ou “é brabo! sempre se esquecem de mim" É uma alternativa que chama a atenção da pessoa que fez isto e te deixa um pouquinho menos desconfortável. Porém, se liguem, videntes queridos: evitem este tipo de situação! Mesmo que tu sejas o melhor amigo do DV que sofreu o abandono, não ter o cuidado de avisar sobre os teus deslocamentos durante qualquer tipo de conversa é uma baita gafe que pode até ser levada no bom humor, mas, vai por mim: é muito desagradável para pessoa que não enxerga. Afinal, ninguém gosta de ser ignorado, mesmo que seja sem querer! Então, é fundamental fazer a tua parte para que isso não ocorra.
A segunda coisa que mais acontece com um DV é, literalmente, passar a mão em partes mais íntimas das pessoas. calma! Não somos tarados nem abusadores! Muito menos, sem critérios!😇😌🙃! Quando e se tu for tocado, de maneira mais ou menos imprópria, por alguém que não enxerga, não fica te achando nem sai correndo pra registrar um boletim de ocorrência, ok? Apesar de sermos muito cuidadosos, este tipo de toque pode e vai acontecer, então, não entre em pânico!😱😬😨!
Na hora de cumprimentar alguém, de pegar algo que esta pessoa está te entregando, de sentar do lado da pessoa. São exemplos de momentos em que esta gafe pode surgir. Aí, vocês me perguntam: “Tá, Camila, mas o que isto tem a ver com o tato “safado”? tem tudoooooo a ver, queridinhos!😕🙁!
Passar a mão no seios ou na virilha da pessoa enquanto damos dois ou três beijinhos e um abraço, ou na chegada ou na despedida, pegar alguma parte do corpo da pessoa que nos oferece algo, ao invés de pegar o algo, sentar no colo da pessoa que está ao nosso lado mesmo sendo guiado pelo anfitrião são situações nada raras que, dificilmente, acontecem com quem enxerga.
Elas se apresentam porque não há aviso por parte de quem está se aproximando: ou estamos sentados e a pessoa chega para nos cumprimentar, Nos alcançar algo que está servido, ou comida ou bebida, nos indica o lugar para sentar sem dizer que tem uma pessoa logo ao lado.
Quando o assunto é socialização, a visão acaba sendo o sentido que mais usamos, já que exige atenção em vários detalhes ao mesmo tempo, desde o “oi, tudo bem?” até a mais profunda das conversas. ao chegarmos em um local onde tem várias pessoas, normalmente, já somos recepcionados por alguém, enquanto outra pessoa já vai oferecendo algo para beber ou comer, isto quando não chega dando um prato ou um copo já servindo a gente. E, para completar ainda mais este combo de informações, somos guiados até o lugar onde vamos sentar. É aqui que acontece a confusão!
Os videntes precisam entender que, em situações como estas, o DV se complica. Apesar da gente ter um bom senso de localização, não significa que não nos “perdemos na curva”. Mesmo que se tenha o cuidado de explicar o ambiente e tudo e todos que estão dispostos nele, é fundamental dar um tempinho para que o DV entenda onde ele está e como e onde as pessoas e as coisas estão. Estes poucos minutos permitem maior segurança para quem não enxerga, minimizando os riscos de gafes “ tocativas”. Quanto maior for a nossa segurança, maior vai ser a nossa concentração e tranquilidade ao nos aproximarmos de qualquer pessoa.
A solução é sempre avisar quando for fazer algo envolvendo proximidade e toque: quando tu for cumprimentar alguém que não enxerga, sempre coloca a mão no ombro da pessoa para que ela entenda da onde tu está vindo, te reconheça, e aí te cumprimente.
A mesma coisa quando tu for oferecer algo. Pergunta para pessoa se ela quer comer ou beber, pois, não é porque a pessoa é DV que ela é obrigada a comer e beber tudo o que tu dá 😟. Na hora de conduzir a pessoa até o lugar onde ela vai sentar, avisa se tem alguém do lado para não acontecer um “esfrega-esfrega” desnecessário!
E tu, DV, também faz a tua parte: te comunica, informa para as pessoas que tu não enxerga, orienta qual a melhor forma de ser ajudado, procura não “ir de ré” direto sentar para não cair no colo de alguém, perguntando sempre para pessoa que está te conduzindo se tem alguém no teu lugar. Lembra que ninguém é obrigado a saber que tu tem deficiência visual nem a forma mais eficaz de te ajudar diante de alguma dificuldade. Ser claro é tua responsabilidade!
E, acontecendo o embaraço, apesar de todos os cuidados, o negócio é tirar de letra. Tenta não levar tão a sério, mas, ao mesmo tempo, deixa claro o teu desconforto no intuito de chamar a atenção para que este tipo de atitude não ocorra mais. Desta forma, conseguimos levar a vida mais “na manha”, dando um pouco de leveza aos momentos difíceis e constrangedores.
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